Bitcoin acumula queda de 7,8% e ether desaba 21,9% em agosto; PCE tem pouco impacto

 


Criptomoedas sofrem em mês marcado por movimentações de carteiras do governo americano e da Mt. Gox

O bitcoin (BTC) opera em queda depois de ensaiar uma recuperação no dia anterior, e deve terminar o mês de agosto com um tombo de 7,8%, enquanto o ether (ETH), segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado,acumula uma forte desvalorização de 21,9% no mesmo período. A demanda por bitcoins segue diminuindo conforme o mês foi marcado por temores de vendas de moedas digitais por governos como o dos Estados Unidos e pela corretora falida japonesa Mt. Gox,que começou em julho a pagar seus antigos clientes pelos BTCs roubados em um grande ataque hacker em 2014.

No cenário macroeconômico, a divulgação do Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE) dos EUA relativo a julho quase não teve impacto nos preços dos ativos digitais. A inflação medida pelo indicador cresceu 0,2% no mês passado, em linha com a mediana das expectativas dos economistas. Na base anual, o PCE registrou um avanço de 2,5%, também dentro das projeções dos especialistas. O último discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, deixou praticamente certo que os juros dos EUA serão reduzidos em setembro, de modo que os dados econômicos podem ter menos efeito nos mercados de renda variável daqui para frente.

Entre os fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista negociados nas bolsas americanas, ontem foi registrado saldo líquido negativo de US$ 71,8 milhões, o terceiro pregão consecutivo com saída de capital. O mais atingido pelos saques foi o FBTC, da Fidelity, com US$ 31,1 milhões. Entre os ETFs de ether, o saldo foi negativo em US$ 1,7milhão. O principal responsável pela saída de capital foi o ETHE, da Grayscale, que teve um excesso de US$ 5,3 milhões nas vendas de cotas em relação às compras.

Perto das 10h24 (horário de Brasília) o bitcoin cai 1,2% em 24 horas, cotado a US$ 59.621 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, tem queda de 1,9% a US$ 2.524, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,19 trilhões. Em reais, o bitcoin apresenta leve desvalorização de 0,17% a R$ 337.422, enquanto o ether recua 1% a R$ 14.306 de acordo com valores fornecidos pelo MB.

Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), a solana (SOL) cai 3,3% a US$ 140,27, o BNB (token da Binance Smart Chain) tem leve baixa de 0,2% a US$ 542,30 e a avalanche (AVAX) recua 1,7% a US$ 23,41.

Segundo Beto Fernandes, analista da Foxbit, o mercado de criptomoedas ainda trabalha sem muita força, de modo que o patamar dos US$ 59 mil a US$ 60 mil parece ter se tornado um importante ponto de equilíbrio entre comprados e vendidos em bitcoin. “A força vendedora não é forte o suficiente para derrubar o preço do ativo, enquanto os compradores também não viram os gatilhos necessários para aumentar suas especulações. As apostas seguem, então, para setembro, com o efetivo corte de juros nos EUA trazendo um potencial rompimento de preços”, avalia.

Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, destaca que faltam 20 dias para a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que deve trazer a redução dos juros americanos, algo que deve impulsionar as criptomoedas e o mercado de renda variável em geral, pois diminuirá a rentabilidade dos títulos do Tesouro dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo, e trará mais liquidez para o investidor global. “A expectativa é alta, com mais de 90% de probabilidade de um corte de aproximadamente 0,5 ponto percentual”, lembra.

Usando análise técnica, Lago comenta que o bitcoin tem oscilado entre US$ 55 mil a US$ 70 mil há seis meses, o que pode ser interpretado como uma bandeira de alta, uma figura de acumulação que antecede uma nova onda de valorização. “Essa consolidação é crucial para o mercado de criptomoedas, especialmente para o bitcoin, pois ajuda a formar uma base de preço sólida, estabelecendo níveis de suporte que permitirão ao ativo se sustentar em níveis mais altos, como os US$ 100 mil, com uma maior segurança”, argumenta.

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